vejo-os carregar o peso
de tantas amarguras
e não se curvam
firmes
transportam a inquietação
para um plano
não projetado
como acontece ao lixo
que a mão doméstica se livra
sem querer saber a que fim
será destinado
os versos são caixões
(imagem a mim tão certa!)
de tantos eus
que aniquilam suas faces
por suportarem corrosivos disfarces
a que submetem a própria identidade
os versos são heróis
não condecorados pelos atos de bravura
para os quais sequer foram treinados
a um mínimo sinal de batalha
lá são eles convocados
enviados (ao inimigo?)
e postos à linha de frente
das intenções de um sujeito
que se diz sensível!
os versos
são devorantes dos pecados
do poeta
(o compurgado)
* tomei posse do título do texto de Jorge Pimenta
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