quarta-feira, 11 de abril de 2012

atrativa

disfarça-se
a voz
em fissuras
distendidas
entre versos


lanho de flor
carnívora
onde o dia
se ostenta
em oferenda


e se eficaz
deglute
digere
e defeca

: pólen

segunda-feira, 9 de abril de 2012

indigência

clandestinamente
opera-se em mim
a retirada de sonhos

assombros
carniceiros
rapinam
os olhos

o fígado já
não atrai
abutre

e a pustulenta língua
nem em esmola
sugere cura

sábado, 7 de abril de 2012

erupções

o corpo é feito de fissuras

: não convém
  regresso
  de súbito
  a peito (de)
  que se partiu

  se a carne
  obsecra
  a partida
  a força
  gravitacional
  da mágoa
  expurga
  toda invasão
  pelas brechas
  que não se fecham
  nunca

  não convém
  segurar
  vômito
  lírico

  se a voz
  regurgita
  poesia
  a força
  levitacional
  do dia
  expurga
  toda a retenção
  pelas brechas
  que não se fecham
  nunca...

e as entranhas exibem-se
la(r)vas

falecer

vociferar em versos
como se tabu fosse
falar de amor
quando o amor suicida-se...

o que resta a um peito
amortalhado?