sexta-feira, 21 de fevereiro de 2014

poema mal acordado


o poema
acorda cedo
vai ao banheiro
alivia-se
resmunga
para a torneira
escorrendo desperdício
enxágua as mãos
passa no rosto
ajeita o cabelo
resmunga
para o espelho
um dia é sempre
outro e passa
resmunga
para as olheiras
vigílias de nada
resmunga
para a janela
o sol que não tem
mas a vida arde
e a vida se quer
invejada
e o poema boceja
para a vida
descompromissado
enfia-se na descoberta
e se finge sonhado


terça-feira, 11 de fevereiro de 2014

réquiem


quem lê melhor
que escreve
vê o amor à letra
se estrebuchando 
no poema

mãos bandidas
mãos banidas
denigrem versos
usurpam verves
em contrassenso

mãos bandidas
mãos banidas
ressuscitam poetas
em poemas
de ventríloquo

domingo, 9 de fevereiro de 2014

mandrágora


deixa o cão
preto
em tuas veias
arrancar o grito
do poema

só assim
ele não te mata