quarta-feira, 5 de outubro de 2011

vácuo

há dias
não durmo
não choro
não temo

amortecida
nos nervos
na carne
nas vísceras

osso
já não fornica
com cartilagem

não há língua
na meta
da linguagem

só noite
escondida
nas abas
do dia

e o sol
é farol
a desviar
a vista
do caminho

3 comentários:

  1. Além do uso da imagem poética a fluência dá um sabor maravilhoso a leitura da tua poesia...
    beijos

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  2. Que maravilha de poema!
    pra mim esse se destacou, tanto sofrido como sutil.

    "só noite
    escondida
    nas abas
    do dia"

    interessante.

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  3. osso/não fornica/com cartilagem// na há língua/ na meta/ da linguagem

    Melancólico, lançar-se no vazio é silenciosamente doloroso. O sol vem como uma ilusão, do nosso verdadeiro caminho. Bem sabemos.

    Permita-me um citação

    "Scatter these well-meant idioms
    Into the smoky spring that fills
    The suburbs, where they will be lost.
    They are no trophies of the sun."

    Final de um poema de Hart Crane

    in busca do in
    Raul

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faça uso de sua lâmina...

in agradecimento

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