vejo-os carregar o peso
de tantas amarguras
e não se curvam
firmes
transportam a inquietação
para um plano
não projetado
como acontece ao lixo
que a mão doméstica se livra
sem querer saber a que fim
será destinado
os versos são caixões
(imagem a mim tão certa!)
de tantos eus
que aniquilam suas faces
por suportarem corrosivos disfarces
a que submetem a própria identidade
os versos são heróis
não condecorados pelos atos de bravura
para os quais sequer foram treinados
a um mínimo sinal de batalha
lá são eles convocados
enviados (ao inimigo?)
e postos à linha de frente
das intenções de um sujeito
que se diz sensível!
os versos
são devorantes dos pecados
do poeta
(o compurgado)
* tomei posse do título do texto de Jorge Pimenta
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querida acqua,
ResponderExcluirsejam os versos lanças, punhais, ácido ou tábuas de caixão. conquanto sirvam para exorcizar toda a massa amorfa, cinzenta e sublunar [seguramente subliminar, também] que se agarra, com seu olhar vítreo, à pele da vida.
beijinho e um natal luminoso para ti, querida amiga de voz tão certeira!
Não se curvam os teus versos, mas curvo-me eu perante o teu poema.
ResponderExcluirAchei-o muito bom, parabéns.
Obrigado pelo teu convite.
Querida amiga, tem um bom Ano Novo.
Beijos.