tão caudaloso
torna-se
o amor
dessangrado
do peito
segunda-feira, 17 de setembro de 2012
desaba(fa)ndo (2)
lembra-te de mim
: sou a falsa serpente
que esmagaste a cabeça
ao beijar-te o calcanhar
: sou a falsa serpente
que esmagaste a cabeça
ao beijar-te o calcanhar
desaba(fa)ndo (1)
estou doente
não me curo da ferida que abriste com teu desprezo
não me curo da amargura que causaste ao desconsiderar o que sinto
quando me tornei ameaça, afastaste-me sem uma gota de piedade
e me pôs a culpa
teu egoísmo matou-me em teu peito
não me curo da ferida que abriste com teu desprezo
não me curo da amargura que causaste ao desconsiderar o que sinto
quando me tornei ameaça, afastaste-me sem uma gota de piedade
e me pôs a culpa
teu egoísmo matou-me em teu peito
quarta-feira, 11 de abril de 2012
atrativa
disfarça-se
a voz
em fissuras
distendidas
entre versos
lanho de flor
carnívora
onde o dia
se ostenta
em oferenda
e se eficaz
deglute
digere
e defeca
: pólen
a voz
em fissuras
distendidas
entre versos
lanho de flor
carnívora
onde o dia
se ostenta
em oferenda
e se eficaz
deglute
digere
e defeca
: pólen
segunda-feira, 9 de abril de 2012
indigência
clandestinamente
opera-se em mim
a retirada de sonhos
assombros
carniceiros
rapinam
os olhos
o fígado já
não atrai
abutre
e a pustulenta língua
nem em esmola
sugere cura
opera-se em mim
a retirada de sonhos
assombros
carniceiros
rapinam
os olhos
o fígado já
não atrai
abutre
e a pustulenta língua
nem em esmola
sugere cura
sábado, 7 de abril de 2012
erupções
o corpo é feito de fissuras
: não convém
regresso
de súbito
a peito (de)
que se partiu
se a carne
obsecra
a partida
a força
gravitacional
da mágoa
expurga
toda invasão
pelas brechas
que não se fecham
nunca
não convém
segurar
vômito
lírico
se a voz
regurgita
poesia
a força
levitacional
do dia
expurga
toda a retenção
pelas brechas
que não se fecham
nunca...
e as entranhas exibem-se
la(r)vas
: não convém
regresso
de súbito
a peito (de)
que se partiu
se a carne
obsecra
a partida
a força
gravitacional
da mágoa
expurga
toda invasão
pelas brechas
que não se fecham
nunca
não convém
segurar
vômito
lírico
se a voz
regurgita
poesia
a força
levitacional
do dia
expurga
toda a retenção
pelas brechas
que não se fecham
nunca...
e as entranhas exibem-se
la(r)vas
falecer
vociferar em versos
como se tabu fosse
falar de amor
quando o amor suicida-se...
o que resta a um peito
amortalhado?
como se tabu fosse
falar de amor
quando o amor suicida-se...
o que resta a um peito
amortalhado?
sábado, 24 de março de 2012
controle
pintei as unhas
na intenção
de que o cheiro
do esmalte
sufocasse seus
instintos
famintos
pelo sangue
que a carne
finge ser
carmim
na intenção
de que o cheiro
do esmalte
sufocasse seus
instintos
famintos
pelo sangue
que a carne
finge ser
carmim
sexta-feira, 23 de março de 2012
panorâmica
o dia punge temores
diante da opulência
da poesia
olhar de medusa
impresso nas divisas
da voz e do silêncio
ter horizonte enquadrado
é dizer
covas vazias
como toda fotografia
que vaza
pela borda da moldura
que no espaço do verso
toda imagística
seja máquina sem tempo
*
*
quinta-feira, 22 de março de 2012
segunda-feira, 30 de janeiro de 2012
nosso rascunho
ao conhecer
teu silêncio,
desenharei teus olhos
nas palmas das mãos.
pelos dias
não tatearei
para não te
cegar
e fecharei meus olhos
das angústias
para não perder
teu horizonte.
se almas dadas
traçam o mesmo
rumo,
embora as superfícies
passeiem
diferentes caminhos,
ali adiante
há de nos alcançar
nosso infinito!
domingo, 1 de janeiro de 2012
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